Nunes Pereira, o padre-artista da Diocese de Coimbra e uma figura ímpar na arte da xilogravura, deixou uma marca indelével na sua obra no que se refere à mulher e ao ser feminino. Neste mês de maio, em tempo de confinamento, o Seminário Maior de Coimbra propõe um revisitar a exposição: A beleza da mulher, pela xilogravura de Nunes Pereira (que esteve patente no Museu de 13 de Maio a 31 de Outubro de 2018).
Na sua obra, ao retratar a Mulher, ele não representa somente a mulher enquanto ser humano comum, ou a Virgem Maria, ou até mesmo a sua própria mãe, mas ele, acima de tudo, representa a “maternidade”, a beleza do cuidado e do desvelo profundo, e é esse ponto que mostra a criatividade e o olhar ‘aguçado’ deste artista face ao Feminino.
Olhando para o referencial cristão, para a Virgem Maria, João Paulo II, na Carta Apostólica “MULIERIS DIGNITATEM”, refere que «a presença especial da Mãe de Deus no mistério da Igreja nos consente pensar no vínculo excecional entre esta ‘mulher’ e toda a família humana». Por outro lado, Paulo VI, na conclusão do Concílio Vaticano II, numa mensagem dirigida às mulheres, refere o seguinte: «Vós, mulheres, tendes sempre em partilha a guarda do lar, o amor das fontes, o sentido dos berços. Vós estais presentes ao mistério da vida que começa. Vós consolais na partida da morte».
É esta a forma como Nunes Pereira representa a Mulher na sua obra, um olhar artístico, humano e de fé; um olhar que capta a beleza da vocação feminina e a imprime na xilogravura, de modo magistral - a interioridade, o acolhimento, a harmonia, a leveza, a maternidade. A mulher, enquanto, dom e comunhão; dom do acolhimento e de vida; dom que humaniza e harmoniza tudo o que toca.