O Plano Pastoral Diocesano para o triénio de 2017 – 2020, sob o lema “Aproximai-vos do Senhor”, contempla três objetivos: evangelização, espiritualidade e organização. De acordo com o estabelecido, neste ano pastoral, o focus da ação estará no dinamismo organizativo e no dinamismo da comunicação. Teremos como frase chave: “O que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos” (1 Jo 1, 3). Ver o Senhor, ouvir o Senhor e anunciar o Senhor são os elementos chave deste percurso que a Diocese de Coimbra, pretende com “ousadia” intensificar e desenvolver ao longo deste ano.
Assim, conscientes que enfrentamos novos desafios, a Organização e a Comunicação assumem, de facto, um objetivo estratégico que irá continuar a concentrar esforços e energias nos próximos tempos, no intuito de reforçar a identidade da Diocese e da Igreja. Estaremos aptos e preparados para interpretar os sinais dos tempos?
Como vivemos e comunicamos hoje, diante das novas exigências, novos públicos, novos comportamentos, novas competências e também novas prioridades? Afinal, todos nós somos hoje, atores da comunicação.
Desta forma, a Diocese de Coimbra, procura dar mais um passo e empenhar-se um pouco mais na procura de modelos diferentes, fazer um caminho consolidado e com alguma ousadia, precisamente para perceber como é que a Igreja pode conhecer melhor o território, as periferias e estar próxima da vida das pessoas.
Que proposta de valor e como poderemos contribuir para a modernização e adaptação da Igreja de Pedro à sociedade do século XXI?
Devemos registar e reforçar a iniciativa em curso - “Assumir a unidade pastoral como a estrutura pastoral base na organização da diocese”, numa perspetiva de renovação e de definição de um novo perfil organizacional, já que pretende ser um lugar de corresponsabilidade de todo o Povo de Deus, particularmente através dos órgãos previstos: o conselho pastoral e a equipa de animação pastoral.
Sabemos também que sozinhos não seremos capazes de alcançar os propósitos que nos movem. A própria nota pastoral, apela, numa perspetiva de abordagem integrada, para que todas as unidades pastorais com mais potencialidades estejam ao lado das que têm menos meios e que todos - sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos – deem o seu contributo pessoal para que nenhuma comunidade caminhe a um passo demasiado lento ou corra o risco de ficar para trás.
Impedir a “globalização da indiferença” e, contribuir para “a cultura do encontro” são frases do Papa para a coexistência e construção de uma única família humana. Sabemos que se trata de um exercício tão exigente quanto difícil. Nunca está “tudo feito”, Francisco diz, que o maior temor da Igreja deve ser o de “cair numa fé sem desafios” ou horizontes, porque se considera “plena, completa”.
Com efeito, a própria fé é uma relação, um encontro e a missão da Igreja é comunicar com a ação concreta dos seus membros a favor das pessoas necessitadas.
O que não se vê, o que não se ouve, o que não se lê... Não existe. Se deixarmos de comunicar, deixamos de ser Igreja, porque a Igreja é isso mesmo, é comunicação.
Sabemos que uma comunicação eficaz tem o poder de aumentar a visibilidade e a notoriedade institucional, para além de promover o diálogo, de influenciar, reter e desenvolver competências.
Deste modo, é inevitável para um crescimento sustentável da Igreja, que esta deva comunicar por objetivos, com autenticidade, deva profissionalizar-se, estar presente na comunicação digital, deva assumir uma mensagem positiva, clara, lúcida e menos “cor-de-rosa”. O conteúdo precisa de ser simples, claro e comprometido com a verdade.
Precisamos de ter uma estratégia e focar mais nas pessoas. Toda a mensagem deve ser relevante para quem ouve, ser feita a uma só voz, de forma coerente e assertiva. Deve ser dirigida a todos e não apenas aos cristãos e deve decorrer de um plano estratégico estruturado e elaborado pela Diocese, resultado do envolvimento de toda a comunidade, permitindo a partilha de conhecimentos e a assunção da sua operacionalização.
Em síntese e reforçando, desde já, as diretrizes programáticas do Plano Pastoral com repercussão nas paróquias, unidades pastorais, arciprestados e serviços diocesanos com vista a alinhar o modus operandi com a estratégia definida, teremos de passar da pastoral da resposta à pastoral das perguntas, da pastoral centrada nos conteúdos à pastoral centrada nas pessoas, da pastoral da transmissão à pastoral do testemunho, da pastoral da propaganda à pastoral da proximidade, da pastoral das ideias à pastoral da narrativa, da pastoral da interatividade à pastoral da interioridade.
- Publicado em Dezembro 2019